Metabolismo acelerado vs. Metabolismo lento

Já repararam que há pessoas que comem muito e mal e não engordam?
Outras quase não comem e não emagrecem?
Umas não fazem exercício e têm uma estrutura e massa muscular maior do que outras que o fazem...
Algumas treinam imenso para ter um pouco de ganhos musculares, outras treinam pouco (e mal) e têm resultados invejáveis...
Até que ponto a nossa herança genética tem influência nisto?

  • Cada um é como cada qual e não há regras nem termos de comparação? 
  • Na altura de distribuir qualidades e genes a natureza foi assim tão aleatória?  
  • Ou foi cruel ao ponto de dar tudo a uns, quase nada a outros e distribuir o pouco que sobrou pelos restantes?!
Quando procuramos volume, tamanho e ganhos musculares acabamos mais cedo ou mais tarde por bater numa parede que se chama estagnação e é nessa altura que olhamos para o lado e vemos outras pessoas ''passarem-nos à frente''. Sentimo-nos contrariados, injustiçados e temos tendência para encontrar conforto num conceito da genética...''a genética dele é melhor que a minha'' pensamos em voz alta.
Quando fazemos uma dieta para perder cintura, peso, volume (e se Deus quiser baixar o número de calças ou de roupa), mais cedo ou mais tarde batemos também nessa mesma parede...olhamos para o lado e vemos colegas magrinhas (como esta aqui da foto em cima) a comerem sem preocupações e a manterem a linha.
Aí pensamos:

  • Vale a pena estar aqui a insistir? 
  • Não serei eu um pote e elas um jarro elegante?
As diferenças físicas observáveis de pessoa para pessoa são evidentes, mas as suas causas nem sempre o são.
É fácil de perceber porque uma pessoa que não come é magra e uma pessoa que passa a vida no McDonald’s e na Pizza Hut é gorda, mas pelo meio existe toda uma palete de cinzentos que fica por explicar. Não é fatalidade, destino ou má vontade divina, simplesmente cada pessoa tem a sua herança genética e o seu metabolismo.
Mesmo entre irmãos temos o baixo e o alto, o gordo e o magro.
Ponham uma coisa na cabeça, melhorar é sempre possível e aí reside a importância de perceber o que mexe com a nossa genética, até onde a podemos levar e onde é escusado contrariá-la.
Vamos definir conceitos para depois passarmos à parte prática:

  • Metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos.
O termo "metabolismo celular" é usado em referência ao conjunto de todas as reações químicas que ocorrem nas células. Estas reacções são responsáveis pelos processos de síntese e degradação dos nutrientes nas células e constituem a base da vida, permitindo o seu crescimento e reprodução, mantendo as suas estruturas e adequando respostas aos seus ambientes.
O metabolismo é normalmente dividido em dois grupos:

  • Reacções anabólicas (anabolismo) ou reacções de síntese, são reacções químicas que produzem nova matéria orgânica nos seres vivos. Sintetizam-se novos compostos (moléculas mais complexas) a partir de moléculas simples (com consumo de energia sob a forma de ATP), 
  • Reacções catabólicas (catabolismo) ou reacções de decomposição/degradação, são reacções químicas que produzem grandes quantidades de energia (ATP) a partir da decomposição ou degradação de moléculas mais complexas (matéria orgânica).
Quando o catabolismo supera em atividade o anabolismoo organismo perde massa, característico em períodos de jejum ou doença. Quando o anabolismo superar o catabolismo o organismo cresce ou ganha massa.
Se ambos os processos estão em equilíbrio o organismo encontra-se em equilíbrio dinâmico ou homeostase.
Metabolismo basal ou Taxa metabólica basal é uma fórmula matemática (não exata) de calcular a quantidade calórica que o corpo necessita, em vinte e quatro horas, para manter-se nutrido durante o decorrer das atividades diárias, sem prejudicar o funcionamento dos órgãos principais.
A taxa metabólica também influencia a quantidade de alimento requerida por um organismo, ou seja, quanto maior for esta taxa maior o número de calorias necessárias na manutenção do mesmo.
Cada pessoa nasce com o seu metabolismo e genética, diferentes de pessoa para pessoa, que se alteram também com o próprio estilo de vida, alimentação, saúde, idade, etc.
Mas então o que é isto do metabolismo rápido e metabolismo lento?
Relaciona-se com o número de calorias que o nosso organismo necessita para viver (respirar, movimentar, comer, crescer), pois tudo envolve este trabalhar de células que no fundo não são mais do que trocas químicas.
Quanto mais energia ele precisa, mais rápido se diz o seu metabolismo, não que as células estejam a trabalhar mais rápido...apenas estão a necessitar de mais energia.
Várias variáveis podem influenciar esta necessidade energética, entre as quais a genética.
No Post ''Mesomorfo, Ectomorfo, Endomorfo...o que é isso?'' vimos que esta genética foi resumida em 3 biotipos de corpo e que estes têm metabolismos diferentes entre eles:

  • Uns têm mais facilidade em acumular gordura do que outros, criar massa muscular, etc, e todos esses fatores influenciam a taxa metabólica, 
  • Vimos também que estes biotipos não são estanques e que é mais fácil encontrar uma pessoa que reúna características de mais do que um biotipo, do que se enquadre completamente num só.
O seu mecanismo ainda está por explicar, mas outras variáveis são compreensíveis e até manipuláveis.
A massa muscular é uma delas, pois os músculos exigem mais energia do que a gordura para se manterem e daqui resulta que se uma pessoa trocar o seu estilo de vida sedentário por uma vida mais activa (começar a fazer exercício físico), e se daqui resultar um aumento da massa muscular, esta por sua vez irá aumentar a taxa metabólica (aceleração do metabolismo).
As diferenças genéticas talvez tenham uma explicação histórica (entre outras), possivelmente relacionada com a escassez ou abundância de alimentos:

  • Povos que tenham uma maior tradição de caça (atividade física intensa) terão desenvolvido, ao longo de centenas ou milhares de anos, metabolismos diferentes dos povos que tenham dependido de atividades agrícolas ou pecuárias (Povo Índio Vs. Povo Europeu Moderno?), 
  • O clima também pode influenciar (ao longo de milhares de anos de evolução) a taxa metabólica, pois climas mais frios tendem a criar depósitos de energia (gordura) e de protecção contra as condições adversas (Povo Esquimó?).  
  • Seja quais forem os motivos, a realidade histórica resultou em diferenças metabólicas para cada pessoa e compreender/aceitar o funcionamento do nosso corpo é essencial para o nosso bem estar e um passo importante para a mudança.
O nosso metabolismo pode-se alterar através da influência de diferentes condições, entre as quais:
  • Problemas na tiróide, 
  • Alimentação,  
  • Actividade física,  
  • Tabaco,  
  • Stress e fadiga,  
  • Idade,  
  • Entre outras...
Ao compreender e aceitar o nosso metabolismo podemos tomar medidas para o acelerar ou desacelerar (dentro do nosso limite genético):
  • Dieta - Quanto mais fast-food e comidas de alta carga glicémica comermos, mais engordamos. Este excesso de açúcares com pouco ou nenhum uso são transformados em gordura e armazenados, um efeito de compensação devido à falta de qualidade nutritiva na nossa alimentação, 
  • Exercício - Quanto menos intenso for o nosso exercício, menos massa muscular criamos. Quanto mais massa muscular o indivíduo possuir, mais energia queimará para a manter e maior será a sua taxa metabólica,  
  • Descanso - Privação e sonos trocados resultam numa perda de massa muscular e acumulação de gordura, mais um efeito de compensação do organismo que promove o armazenamento de energia no caso de estes esquemas irregulares de descanso se mantenham.
É preciso ter em mente que mudar ou alterar a nossa velocidade metabólica é algo que não acontece do dia para a noite, mas que pode se modificar com a criação hábitos:
  • Uma pessoa que trabalhe sentada numa secretária e que queira acelerar o seu metabolismo poderá considerar levantar-se de hora e meia em hora e meia para caminhar um pouco, subir umas escadas ou qualquer atividade que implique gasto de energia antes de se voltar a sentar, 
  • Já uma pessoa que tenha um ritmo de vida muito frenético e que queira reduzir a velocidade do seu metabolismo, terá viver a vida com mais calma, fazer mais pausas, relaxar e não andar sempre a correr de um lado par ao outro, pois o stress queima energia.
Numa analogia podemos comparar a alteração do nosso metabolismo ao bronzeado de uma pele.
Quem nasceu claro não pode virar escuro certo? Mas se apanhar a quantidade de luz necessária de forma frequente pode ganhar um bronzeado, que apesar de precisar de manutenção, ao longo do tempo vai-se tornando mais duradouro.
O mesmo acontece a quem nasce com um metabolismo que tende a acumular energia sobre a forma de gordura, pode acelerá-lo e com o devido cuidado (manutenção), este torna-se cada vez mais próprio da pessoa e mais fácil de manter.
Para verem dicas práticas de como alterar o vosso metabolismo leiam o post ''Como acelerar/desacelerar a nossa taxa metabólica (metabolismo)?''.
É óbvio que existem limites para a influência que podemos ter no nosso metabolismo mas é preciso recordar que melhorar é sempre possível, desde que nos aceitemos como somos...somos o que somos...um Chiuaua nunca será um Rottweiler, e quem (em idade adulta) tem um 1,74m nunca terá 1,90m.
É a diversidade que nos faz dar valor à individualidade e é desta perspetiva que podemos trabalhar e realçar os nossos pontos fortes e camuflar ou melhorar os nossos pontos fracos.